quinta-feira, novembro 16, 2006

Convivendo e trabalhando com Jack Welch

"Adoro aprender. Meu sonho é que mais empresas adotem algumas das minhas idéias e que cresçam com sucesso", afirmou Jack Welch, um dos maiores gurus de executivos e empresários de todos os tempos, em palestra de um dia inteiro no Special Management Program, da HSM.
Um momento único e especial para os participantes de mais um Special Management Program da HSM: poder compartilhar de um dia inteiro da companhia e das idéias de Jack Welch, reconhecidamente um dos maiores gurus dos executivos, administradores e empresários da atualidade. Com a participação limitada a 150 privilegiados das mais diversas áreas de atuação, o evento foi realizado nesta quinta-feira, dia 9 de novembro, no Hotel Transamérica, em São Paulo.
Ex-CEO da General Electric Company, empresa a qual fez crescer seu valor de 13 bilhões para 400 bilhões de dólares em 20 anos de atuação, Jack Welch abordou de forma detalhada todos os temas que apresenta em seu livros, como Jack definitivo e Paixão por vencer, verdadeiros best-sellers. Na ocasião, o palestrante aproveitou para autografar o seu mais recentíssimo lançamento, Paixão por vencer: as respostas. Em três sessões de uma hora e meia cada os participantes puderam interagir com Jack Welch e desfrutar de toda a sua energia criativa, em uma sinergia única.
Missão - Na sua apresentação, Jack Welch apresentou e desenvolveu os conceitos com os quais se tornou um dos maiores CEOs de todos os tempos. Depois, colocou-se à disposição para responder as questões dos participantes. O primeiro conceito apresentado foi o de missão da empresa. Segundo ele, a missão deve ser a mais clara possível, um mapa que a empresa e todos os seus funcionários devem seguir.
"Vou lhes dar uma declaração de missão: o ponto que eu quero passar é a direção a ser seguida, como, por exemplo, a de ser o número 1 ou 2 em todos os negócios que a sua empresa está envolvida, inclusive naqueles na qual não entrou ainda. Estamos falando sobre escrever uma declaração de missão que passe a idéia principal, trabalhar com afinco para passar para cada funcionário o motivo pelo qual ele se levanta todos os dias para ir trabalhar na sua empresa", explicou.
De acordo com o palestrante, é imprescindível que esta missão envolva e sensibilize os funcionários. Por isso, é importante que a idéia principal da missão não seja muito vaga, muito genérica, para não deixar dúvidas nas pessoas. Além disso, precisa ser realista, ser tangível. "A missão diz o que a marca vai defender, o que ela é. Se a missão é ser o melhor provedor de produtos farmacêuticos através dos melhores serviços, isso tem de ser mostrado através da publicidade para os seus clientes. Mas os seus funcionários têm de conhecê-la, aceitá-la e praticá-la antes de tudo", garantiu.
missão é algo a ser discutido e realizado pela alta cúpula da direção da empresa, antes de qualquer outro passo. "Em primeiro lugar, se estabelece a missão, depois se detalha os valores e o comportamento para cumprir esta missão. Os comportamentos são a forma de atingir a missão, de como vai se chegar lá. Você tem que delinear cinco ou seis ações que você quer que os funcionários incorporem para chegar lá", afirmou.
Ao ser questionado sobre um exemplo de missão que poderia ser adotado pelas empresas, Jack Welch recorreu à sua própria experiência pessoal como palestrante e autor de livros de gestão e management. "O nosso objetivo básico, meu e da Suzy (esposa de Jack Welch), é vender uma filosofia de gestão, na qual eu acredito, para o máximo de pessoas. Nosso foco é disseminar ainda mais esta filosofia, através de palestras e dos livros que escrevemos, para fazer CEOs ainda melhores", declarou.
Valores e comportamento - As missões podem variar de empresa para empresa, mas Jack Welch insistiu no ponto em que é fundamental que todas as pessoas a conheçam e acreditem nela. "Se as pessoas não quiserem ser as números 1 ou 2 não servem para empresa", defendeu. E para que os funcionários conheçam a fundo a visão e adotem os seus valores e comportamentos são necessários franqueza por parte dos líderes e sistemas de recompensa e de avaliação constante dos resultados atingidos.
De acordo com o palestrante, os funcionários podem ser recompensados pelo desempenho e pelo comportamento. "As pessoas que cumprem as cotas têm de ser recompensadas, mas elas podem arruinar a sua missão. No mundo atual, queremos pessoas de alto desempenho. Muita gente não se importa com os valores, só querem saber do desempenho. É preciso que os funcionários saibam os valores e tenham comportamento adequado. Se vocês, empresários e executivos, estiverem preocupados apenas com os números, com o desempenho, é nisso que os seus funcionários vão se concentrar também. Vocês precisam entender isso para não perderem o barco. A maior parte das empresas fracassa porque os funcionários não conhecem a missão nem os valores da empresa", alertou.
Franqueza - Para tornar estes valores acessíveis aos funcionários, o líder precisa ser um comunicador incansável e sincero todo o tempo. "Franqueza é um dos principais valores de uma empresa. Você precisa mostrar para o seu funcionário o que ele está fazendo de certo e o que está fazendo de errado. Se você trabalha em uma empresa que a sinceridade é punida, está tapando o sol com a peneira. É claro que esta empresa não vai para frente. Para isso, precisam fazer avaliações sistemáticas dos funcionários. Toda vez que você recompensar alguém, entregue um bilhete com uma avaliação sua. Faça isso três a quatro vezes por ano", sugeriu.
Além disso, neste processo é importante a celebração dos resultados. "Celebrar não é levar para jantar com o chefe. O funcionário já passa o dia inteiro com o chefe dele. Então, tudo o que ele quer é estar com a esposa, a família, os amigos, na hora que sai do trabalho. Quando for celebrar, pense em dinheiro e tempo divertido", afirmou.
Diferenciação - Para Jack Welch, a diferenciação é uma obrigação para qualquer empresa. Não apenas a diferenciação nos negócios, mas das pessoas também. "Uma equipe que se sente melhor, ganha; uma equipe que tem os melhores jogadores, ganha; a mais unida, ganha", justificou. Por isso, é fundamental para um líder identificar os 20% que estão no topo, acima dos demais.
"Para os 70% dos funcionários que estão no meio, é preciso mostrar a eles o que estão fazendo de certo e de errado e como eles podem chegar ao topo. E não perca tempo com os 10% restantes, aqueles que não têm comprometimento com a empresa. Deixem que eles partam para onde acharem melhor", disse.
O palestrante defendeu a "descomoditização" dos produtos e serviços oferecidos como uma forma de diferenciação em relação à concorrência. "Posso falar sobre a minha experiência na General Electric, por exemplo. A Rolls Royce pode vender uma turbina (para avião), mas eu tinha que vender algo diferente, como a manutenção por 20 anos. Do contrário, é tudo commodities e você vai estar em uma guerra de preços. A empresa de custo menor vai ganhar", alegou.
Liderança - O papel de um líder é imprescindível neste processo de transformação da empresa, segundo Jack Welch. Para exercer o papel de liderança, a pessoa precisa ter energia para energizar os outros, a capacidade de dizer sim ou não e, ainda, ser capaz de colocar os projetos em execução, tudo embalado por paixão, definiu o palestrante.
"Os líderes comunicam aquela missão incansavelmente; têm paixão por avaliar as pessoas; são decisivos nas avaliações. O líder carismático acaba conseguindo resultados quando mais jovens. O carisma acelera o processo, mas tem o carisma negativo. Por isso, tem de ser um líder carismático com princípios", ilustrou.
Jack Welch defendeu, inclusive, que um líder tem de admitir e comunicar os seus erros a todos, para que sirvam de exemplo e não voltem a se repetir. "Eu, provavelmente, cometi mais erros do que qualquer um. A gente quer o máximo de transparência possível. O que não pode é errar todo dia", brincou.
Administrando crises - Todas as empresas, em algum determinado momento, vão passar por alguma crise, garantiu Jack Welch, com base em sua vasta experiência. Para tentar reduzir ao máximo os danos, o palestrante passou alguns ensinamentos:
- A crise é pior do que você imagina; não negue isso, encare este fato.
- Não deixe que as pessoas definam a situação, como em vazamentos para a imprensa; não pode haver segredos sobre o que for.
- Nunca pense que você não vai ter sangue no tapete (leia-se, demissões) onde tem uma crise.
- E sempre no meio da crise, o sol vai nascer e a empresa será melhor.
"Saiba reconhecer uma crise, lide com isso. E nunca negue uma crise e entenda que não há segredo", reforçou.
Estratégia - De acordo com Jack Welch, o problema com a estratégia é que "as pessoas pensam demais nela". Para o palestrante, de pouco adiantam reuniões com longas apresentações em PowerPoint, slides e outros aparatos tecnológicos, que só servem para ilustrar e simbolizar dados e números, mas não para definir um plano estratégico. "Em uma reunião de estratégia, não é nosso objetivo mostrar o quanto somos inteligentes. Queremos o diálogo, queremos debater. Isso que é estratégia, uma discussão aberta e franca", afirmou.
Toda estratégia é definida em função da oportunidade e da necessidade do cliente, ensinou. O cliente é definido pelas condições do mercado. E a estratégia da empresa vai se definir conforme a necessidade do cliente. Se a empresa não está atendendo à necessidade do cliente, então não tem uma estratégia definida.
Orçamento - Definir o processo orçamentário é outra questão polêmica para Jack Welch. "O que é um processo orçamentário? Basicamente, é uma revisão da meta orçamentária em torno do valor mínimo. É uma idéia burra", garantiu. O processo ideal de se definir o processo orçamentário seria comparar os resultados com o do ano anterior e com o da concorrência. E, a partir daí, iniciar a discussão, um debate.
"Nós não podemos fazer esta comparação com um número combinado. Tem de ser um evento que expanda a mente, que tenha tudo a ver com o mundo real. Nos últimos cinco anos na GE, nunca alcançamos a meta orçamentária. Ao elaborá-la, temos de pensar alto e agir rápido. Este tipo de alternativa funciona. Você diz sim para algumas pessoas e não para outras e temos um plano orçamentário", enfatizou.
Visão realista - Após mais esta definição, Jack Welch abriu a sessão de perguntas para os participantes. Dentre os temas abordados, deu uma visão bastante realista sobre o Brasil. "Vou falar com base nas minhas experiências. Me senti muito desestimulado com o Brasil. Ganhávamos muito dinheiro durante dois ou três anos, mas depois vinha a desvalorização da moeda e perdíamos tudo. O Brasil, nos últimos três ou quatro anos, conseguiu controlar a inflação, seus empresários são empreendedores - são pontos a favor. Mas quando pergunto no lado negativo, falam: corrupção, corrupção, corrupção. Eu acho isso um inferno. Outro problema é a segurança. É difícil viver aqui. Não é uma atmosfera agradável para se viver. Não sei como vocês se acostumam com isso", declarou.
Ao finalizar, Jack Welch contou o que o motiva a continuar dando palestras ao redor do mundo. "Adoro aprender. A vida não poderia ser melhor para mim, aqui, com vocês, nesta interação. Eu aprendi muito nestes três dias aqui no Brasil. Meu sonho é que mais empresas adotem algumas das minhas idéias e que cresçam com sucesso", encerrou, sendo bastante aplaudido.
Fonte: HSM On-line / Canais / Cobertura de Eventos / Special Management Program 2006, com Jack Welch /

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