terça-feira, novembro 07, 2006

Investir em futuros líderes é poupar dor de cabeça

Ter um grupo de potenciais líderes em seu quadro de funcionários deverá poupar muita dor de cabeça no futuro para as organizações. Identificar e desenvolver pessoas com potencial de liderança na empresa sai mais barato do que buscar talentos no mercado. O segredo é capacitá-los para chegar ao topo e não para ocupar um cargo em particular. As empresas precisam de bons presidentes, mas também de ótimos vice-presidentes e diretores.
Para William C. Byham, as empresas ainda aplicam pouco do seu tempo na identificação e preparação de suas lideranças. "Se elas quiserem crescer precisarão investir mais nisso", diz. O consultor é presidente e foi um dos fundadores, em 1970, da Development Dimensions International (DDI), empresa que atende grandes companhias no treinamento e planejamento da sucessão de executivos.
Byham, PhD, também é autor do best-seller Zapp! O Poder do Energização, que desde a sua publicação, em 1988, já vendeu mais de 4 milhões de cópias no mundo. Além disso, é co-autor de outros 18 livros. Ele estará no Brasil no próximo dia 8 de novembro para proferir uma palestra na ExpoManagement, evento da HSM. Recentemente, ele concedeu uma entrevista na qual antecipou alguns temas que abordará em sua apresentação. A seguir alguns trechos dela:
Por que é tão difícil encontrar e reter um bom líder?
William Byham: É difícil encontra-los porque existe uma grande demanda. Cada vez mais as organizações estão precisando de liderança num padrão mais elevado. Antes, se você era um líder OK isso talvez fosse suficiente, mas num mercado altamente competitivo como o de hoje, não dá para ser apenas OK. É preciso ser realmente bom. E não existem tantas pessoas assim. Você têm que desenvolvê-los. A boa notícia é que o sistema para desenvolver líderes progrediu tão rápido quanto a procura por eles.
Eles hoje são mais pressionados por resultados. Isso requer novas habilidades?
Byham: Os líderes não podem ser tão autoritários como costumavam ser. Antes, eles diziam o que as pessoas deveriam fazer e elas faziam. Agora as pessoas não agem mais assim. Os líderes têm que lidar com pessoas de todo o mundo, com as grandes mudanças que estão acontecendo nas companhias. Antes, costumavam dirigir a empresa da mesma forma, ano após ano. Agora, as companhias mudam constantemente e os líderes têm que estar habilitados para avaliar essas mudanças. Eles também precisam levar as pessoas a fazerem aquilo que é necessário para elas se sentirem realizadas. Toda estratégia de execução cai sobre os líderes. Muitos são bons ao fazer isso. A alta administração dá a direção da organização, mas alguém tem que fazer o resto dela ir nessa direção. Esses são os líderes. Essa é a competência que muitos deles não desenvolveram.
Nesse ambiente global, os líderes precisam ser mais humildes para aprender a lidar com outras culturas?
Byham: Certamente que sim. Eles precisam ser humildes porque existe muita coisa para se aprender. Inclusive porque eles estão operando em diferentes partes do mundo. Existem algumas organizações enormes com esse perfil e outras que são globais de uma forma ou de outra.
Na sua opinião, a organização pode moldar o comportamento de seu líder? Byham: Sim, desenvolvendo e propiciando experiências que ajudem a liberar as suas habilidades. Isso pode ser feito com treinamento e coaching para desenvolver novas competências.
O Sr. acredita então que um executivo pode ser treinado para se tornar um líder ou é necessário também ter um dom natural para a liderança?
Byham: Acho que é preciso uma combinação dos dois. Algumas pessoas têm o que você chama de dom natural. Certamente foi algo aprendido na juventude. Você pode apontar líderes entre as crianças. Mas também existem muitos exemplos de baby boomers, sem muito potencial para a liderança, que entraram num emprego, desabrocharam e se tornaram grandes líderes. Então, no meu ponto de vista, você precisa primeiro ter a sorte de chegar à liderança. Se deixar na mão do destino, algumas pessoas poderão se desenvolver verdadeiramente para se tornarem líderes, outras não. Mas se a pessoa tomar mais a rédea disso, nós certamente teremos muito mais líderes. A primeira parte importante na hora desenvolver líderes é selecionar pessoas com potencial. A próxima, é ajuda-las a usar esse potencial.
O que fazer para identificar os potenciais futuros líderes dentro das organizações?
Byham: Não é uma coisa fácil de se fazer. É preciso levantar na organização quem são as pessoas com boas performances e que estão mostrando habilidades naturais de liderança. Quando existe um time, ela o faz funcionar. Os outros sempre querem essa pessoa no grupo. Quando alguma coisa nova aparece, ela é a pessoa voluntária que está lá para fazer essas tarefas. São coisas assim que você deve procurar em um líder. Este é o primeiro corte usado para identificar essas pessoas. Depois é diagnosticar suas habilidades de liderança e dizer o que elas têm e o que precisa ser desenvolvido. Então você monta um programa de treinamento baseado nesse diagnóstico.
Na sua opinião, as organizações hoje deveriam dedicar mais tempo para o desenvolvendo de futuros líderes?
Byham: Sim, por muitas razões. Se elas quiserem crescer precisarão desses líderes e é muito mais barato desenvolve-los do que ir buscá-los no mercado. Muitas delas estão dedicando tempo para isso, mas não estão recebendo um bom retorno. Elas poderiam fazer um trabalho bem melhor do que estão fazendo hoje.
Dar mais poder às pessoas pode ajudar nessa preparação de novas lideranças?
Byham: Dar poder às pessoas (empowerment) é importante em todos os níveis da organização. Se você quer que as pessoas estejam energizadas em seus empregos você têm que dar a elas alguma autoridade e responsabilidade sobre o trabalho que realizam. Um dos comportamentos fundamentais dos bons líderes é justamente saber dar poder aos outros. Só assim eles conseguem fazer as pessoas ficarem animadas com as coisas que precisam ser feitas na companhia. Você não pode apenas ficar lá em pé e olha-los. O líder é alguém que faz as pessoas fazerem a coisa certa porque elas querem isso. Elas têm orgulho do seu trabalho, são entusiasmadas com seu emprego. O líder arranja para que isso aconteça. Ele não pode apenas sentar e ver as coisas acontecerem. Dar poder é uma ferramenta crítica para os bons líderes. Se ele não souber usa-la , então terá que mudar. Outra maneira para desenvolver bons líderes é dando poder a eles. Não dá para desenvolver um líder sem dar responsabilidade e controle sobre as coisas. Parte da aceleração do desenvolvimento da liderança está em dar poder para a pessoa. Isso para que ela possa cometer erros e aprender com eles.
O Sr. acredita que o líder deve preparar seu sucessor?
Byham: Ele certamente deve ter algumas pessoas que poderão realizar seu trabalho. Mas ele não deve colocar toda a expectativa em uma única pessoa. Nós acreditamos que você deve preparar as pessoas para chegar ao topo da administração não só para ocupar o cargo do CEO, mas para o das pessoas que se reportam a ele e as que estão abaixo delas. Nós sugerimos que o enfoque seja no nível administrativo, não num trabalho em particular. Você desenvolverá essas pessoas então poderá dizer se ela dará um bom CEO ou CFO. É melhor do que dizer que esta pessoa será seu substituto. Se você tem um grupo de pessoas para escolher isso aumenta suas possibilidades.
O Sr. está trabalhando em algum livro novo?
Byham: Estou trabalhando no livro 70´s the new 50´s, que deverá sair em janeiro. Nele, trato do grande problema que as companhias enfrentarão com os executivos se aposentando e muitos não deixando substitutos à sua altura. Uma das saídas para elas será fazer com que as pessoas mais velhas fiquem um pouco mais de tempo em seus trabalhos.
Fonte: Stela Campos no Valor Econômico em http://www.revistadigital.com.br/tendencias.asp?NumEdicao=374&CodMateria=3226

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